Num jogo de enorme emoção, o Benfica tremeu (e muito), mas conseguiu superar uma Académica que esteve na frente e que quase parou a caminhada dos encarnados. Foi Jiménez, vindo do banco, que resolveu um caso bicudo para Rui Vitória.
Uma leve brisa fresca, uma densa multidão, uma paixão mútua e uma mente comum: ganhar. Cada um com o seu estilo, cada um na sua luta, Académica e Benfica entraram num palco onde o pó de muitas cadeiras foi soprado pela loucura própria de um fim de época onde os objetivos se procuram cumprir.
Não há que negar. Vive-se uma fase em que a rivalidade entre Benfica e Sporting (sobretudo depois da derrota do FC Porto contra o Tondela) transporta o país para uma batalha mobilizadora de massas. É impressionante o que se vai assistindo em jogos de águias e leões nas bancadas. Aí, onde a bola não roda, mas onde as barreiras também parecem mais respeitadas do que em algumas declarações de intervenientes. Mais do que dizer quem é melhor, há esse dado a reter: as bancadas portuguesas agradecem.
Dizer que, quando Pedro Nuno fez golo, aproveitando um corte incompleto de Eliseu, esse surgiu contra a corrente de jogo talvez seja exagerado. Claro que o Benfica ia tendo mais bola frente a uma Académica recolhida, mas nem por isso as águias estavam a ser avassaladoras.
Foram-no, isso sim, a partir do minuto 30, altura em que Samaris e Sanches subiam quase como avançados. Um sufoco a fazer jus aos 15 minutos à Benfica, que renderam o golo do empate e mais um conjunto de situações, sobretudo uma de Pizzi, que quase davam direito a cambalhota antes do intervalo.
No plano tático, viu-se uma Académica em bloco baixo e com dois médios defensivos com a clara missão de estancar Jonas nas suas ações. Uma tarefa que resultou muito bem e que secou boa parte da normal produção atacante dos encarnados, com o brasileiro quase a precisar de se chegar aos centrais para conseguir tocar a bola de frente para o jogo.
Se as regras o permitem, pode ser legítimo a postura de pausar constantemente o jogo que a Académica utilizou no segundo tempo. Alguns consentirão, outros dirão que não faz jus ao espetáculo. Facto é que foi um exagero e que tal serviu bastante à equipa da casa.
Porque viu o tempo a passar e porque conseguiu irritar, e de que maneira, os benfiquistas. Nas bancadas, as sucessivas paragens e quedas fizeram explodir a ira dos adeptos. No campo, o discernimento foi sendo substituído pela ansiedade.
Sobrou Nico Gaitán (e Carcela, que entrou bem) e a sobriedade que se pede a um capitão. Não com palavras, mas com atos de bola no pé, a impelir pela esquerda, primeiro como extremo, no fim já como lateral, numa tática de tudo por tudo.
Foi alheio à ansiedade que Raúl Jiménez entrou para decidir. O mexicano trazia do banco a chave do triunfo e utilizou-a para abrir a porta dos festejos, num momento que fez o estádio vir abaixo.
Num grande ambiente e com emoção a pontapé (enorme Jardel a limpar tudo), foi com uma bomba que a águia manteve ativa a liderança. Tem a palavra o Sporting.