Artigo escrito originalmente a 30 de abril de 2018
À medida que a temporada se aproxima do fim, começa a pensar-se na época que se segue. O Belenenses tem já a sua situação relativamente tranquila (matematicamente ainda pode descer) e o clube parece ter encontrado em Silas um treinador apostado em criar uma identidade própria para a sua equipa, independentemente dos jogadores que a componham.
No passado domingo, no Restelo, onde o Sporting de Braga derrotou o Belenenses, olhámos em particular para o ex-jogador que, no início de 2018, foi chamado para a sua primeira experiência como treinador. No momento em que foi apresentado, Rui Pedro Soares, presidente da SAD do Belenenses, comparou Silas a Marco Silva e André Villas Boas no que toca à experiência enquanto treinador de futebol e os primeiros tempos, ainda que complicados, deixaram logo uma certeza: Silas chegou ao Belenenses com uma ideia de jogo e é bastante positiva, diga-se.
Analisámos o Belenenses e a sua forma de jogar além dos resultados conseguidos, até porque a equipa do Restelo já surpreendeu ao vencer (2x0) o FC Porto e ao empatar (1x1) com o Benfica e já foi surpreendida ao perder com o Desportivo das Aves por 2x5. Olhemos para a forma de pensar e para o próprio discurso de Silas.
Assente numa estratégia de três centrais, invulgar no campeonato português, o treinador do Belenenses SAD não se agarra à tática e prefere focar-se no pensamento da equipa. Por isso, não é de estranhar que o Belenenses apareça transfigurado de jogo para jogo.
Provavelmente, na receção ao Portimonense, haverá mais alterações e é o próprio treinador que admite que isso possa vir a acontecer. Em conferência de imprensa, Silas já explicou que atualmente as equipas são alvo de imenso estudo, por isso é necessário trazer coisas novas ao jogo sempre que possível. A filosofia, de que já falámos nos parágrafos anteriores, é que se mantém. É visível no rosto do seu treinador e no próprio discurso e não se irá alterar, «mesmo que um passe errado dê golo».
Passemos então ao olhar sobre o treinador durante o jogo. De fato de treino, Silas começa no banco, mas cedo se levanta quando percebe as dificuldades que a equipa está a sentir na saída de jogo perante a pressão bracarense. Na primeira paragem, o treinador conversa com o seu adjunto, Zé Pedro, numa irmandade que passou dos relvados para o banco.
Pereirinha alivia para uma zona distante e Silas não gosta. Quer passe curto e com critério. Insiste com os seus jogadores e as instruções são constantes. Nota para nova conversa com Zé Pedro, de pé e no relvado, como nos velhos tempos. «Não desce! Mantém lá em cima», pedia, enquanto o Sporting de Braga tentava sair a jogar curto. Matheus foi obrigado a atirar longo e o Belenenses recuperou a bola. Missão cumprida.
As reações de Silas foram sempre em prol da identidade que quer que a sua equipa assuma, mesmo nos momentos em que isso parece complicado. Por isso, explica-se que o treinador tenha gostado mais da exibição no empate com o Benfica do que na vitória com o FC Porto. A identidade perdeu-se em certos momentos e apesar dos três pontos, Silas não se esqueceu de fazer essa correção, como faz ao longo das partidas.
Depois de olharmos para o treinador e após a derrota com o Sporting de Braga - sim, o Belenenses perdeu e Silas reconheceu que a equipa foi abaixo na segunda parte -, questionámos o treinador sobre o futuro. A identidade que procura é para manter, ainda que com outros jogadores? O que se pode esperar, afinal, do Belenenses SAD na próxima época?
O pedido foi só um: «A única coisa que desejo, com estes ou com outros, é que não se lesionem. Depois, as coisas andam naturalmente».
0-1 | ||
Paulinho 71' |