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    Entrevista exclusiva ao zerozero

    Yussuf tomou a Liga de assalto e tem brilhado no Lusitânia: «Somos uma equipa do Top 4»

    2021/02/26 17:45
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    O adepto mais casual do basquetebol português pode ter ficado surpreendido quando, na última jornada, um poste norte-americano tomou de assalto o jogo entre Lusitânia e FC Porto, com 31 pontos que quase foram suficientes para surpreender os dragões. Esse poste, como os mais atentos sabem certamente, é Temidayo Yussuf.

    Yussuf chegou a Portugal no início da temporada para representar o Lusitânia, depois de um ano parado, para viver a sua primeira experiência enquanto profissional. Não demorou a causar impacto, sendo, atualmente, o líder da categoria MVP da Liga Placard, bem como o quarto melhor marcador e o melhor ressaltador, estando com médio de duplo-duplo.

    Numa entrevista exclusiva ao zerozero, o poste falou-nos sobre a sua adaptação a Portugal e sobre o primeiro ano como jogador profissional, bem como da temporada sensacional que tanto ele como o Lusitânia têm realizado. Pelo meio, entre outras coisas, houve tempo para elogiar três jogadores portugueses e para falar dos confrontos com dois jogadores que disputam a NBA.

    ©FPB

    Como é que surgiu a oportunidade e quais as razões que te levaram a escolher Portugal para a primeira época enquanto jogador profissional?

    O meu agente falou-me do Lusitânia, com quem tem uma boa relação, e disse-me que era uma boa liga e uma boa equipa. Basicamente, explicou-me que se eu viesse para aqui e jogasse bem podia ser um bom início para a minha carreira.

    Conhecias alguma coisa sobre Portugal?

    Não conhecia praticamente nada. Acho que a única coisa que sabia era que o Cristiano Ronaldo era português e acabei por descobrir que ele é da Madeira. Mas fiz alguma pesquisa e aprendi muito desde que escolhi jogar pelo Lusitânia.

    Como é que foi a adaptação?

    Foi fácil. É a primeira vez que jogo no estrangeiro e acho que a grande mudança foi ter de passar a viver num sítio em que as pessoas não falam a mesmo língua. De resto não há nada de extraordinário, a não ser a pandemia, mas isso é algo com que todos temos de lidar. Se não fosse a pandemia, eu podia sair mais, conhecer outros locais e falar com mais pessoas, mas tem sido tudo tranquilo e sem grandes surpresas.

    Uma vez que não conhecias a realidade, ficaste surpreendido com a equipa e com as condições que encontraste nos Açores?

    Não houve nenhuma surpresa. Eu sabia que ia ser a minha época de rookie, ainda por cima depois de um ano inteiro sem jogar, por isso não esperava muito. Não esperava chegar a uma equipa com muito dinheiro e condições incríveis. Estava pronto para ir para uma equipa e dar tudo e acabei por ter a sorte de encontrar uma equipa e colegas que me permitem ser eu próprio e jogar o meu jogo. Tem sido muito bom jogar no Lusitânia.

    És o líder na corrida a MVP, com uma valorização de 26,3, o quarto melhor marcador da Liga (18,6 pontos por jogo), o melhor ressaltador (10 ressaltos por jogo) e ainda tens média de duplo-duplo. Números impressionantes, ainda para mais quando comparados com as tuas médias da Universidade. Estavas à espera de uma época tão boa?

    Tenho de dizer que sim. Trabalhei muito neste último ano em que não joguei e no verão, antes de vir para aqui. Eu não sabia que tipo de situação ia encontrar ou quantos minutos ia jogar, mas estava preparado para dar tudo e fazer o máximo para vencer. Não esperava liderar na categoria de MVP e estar a marcar tantos pontos, mas já esperava conseguir muitos ressaltos porque é o meu trabalho. Tudo o resto surgiu com o esforço que faço para que a equipa vença e também tenho de realçar os meus companheiros, que me ajudam muito.

    Já tiveste vários jogos de grande nível, mas um dos melhores terá sido o último, frente ao FC Porto, em que marcaste 31 pontos e o Lusitânia esteve muito perto de surpreender uma das melhores equipas do campeonato. Como é que foi?

    Foi divertido. Eu queria ganhar, obviamente, estava a sentir-me bem, fui agressivo desde o início e consegui marcar muitos pontos e manter-nos no jogo. Acho que fizemos um grande trabalho e jogámos muito bem juntos, porque contra uma equipa como o FC Porto tens de jogar muito bem durante os 40 minutos. Nós conseguimos fazê-lo durante 35 minutos e esperávamos conseguir ganhar, mas eles são uma excelente equipa e, infelizmente, não conseguimos vencer. Os meus 31 pontos… é como já disse, vêm do esforço de fazer tudo para que a equipa vença.

    ©Long Beach State 49ers

    Reparei que nos quatro anos da Universidade nunca lançaste um triplo e esta época está 4/14 da linha de três pontos. É algo que estás a tentar acrescentar ao teu jogo?

    É, definitivamente, algo que estou a tentar adicionar ao meu jogo. O basquetebol está a mudar e os jogadores «grandes» também precisam de conseguir lançar de fora hoje em dia. E, sendo realista, eu só tenho dois metros e os jogadores grandes agora são mais altos, então eu tenho eu tenho de conseguir lançar de três. Trabalhei muito nisso ao longo do último ano e tenho trabalhado praticamente todos os dias durante a época. Sinto-me cada vez mais confortável e espero conseguir lançar mais até ao final da temporada.

    É possível comparar a Liga Portuguesa à NCAA ou são duas realidades completamente diferentes?

    É muito diferente. Na NCAA há regras diferentes e mesmo o estilo do basquetebol universitário é muito diferente. Aqui os jogadores têm mais liberdade para fazerem o que quiserem no campo. Na universidade tens mesmo de te manter dentro de um sistema mais rígido que o treinador implementa e só um ou dois jogadores é que têm permissão para tentar coisas diferentes. Sinto que, em Portugal, os treinadores dão mais liberdade aos jogadores.

    Estive a dar uma vista de olhos nos oponentes que defrontaste na Universidade e reparei que jogaste contra o Gabe Vincent, que está atualmente na NBA, e contra o Davon Clare, que começou a época no CAB Madeira. Lembras-te desses confrontos?

    Sim. Eu e o Gabe Vincent somos da mesma zona da Califórnia e crescemos a jogar basquetebol juntos e então já o conhecia antes de jogar contra ele na Universidade. É um grande jogador, muito bom ofensivamente e bom a defender também. Não estou surpreendido por ele ter chegado à NBA, porque sei o quanto ele trabalha e o tipo de jogador que é. Quanto ao Davon Clare, não o conheço tão bem, mas lembro-me de jogar contra ele e também era bom jogador.

    O que é que tens achado dos jogadores portugueses?

    Eu não sabia o que esperar, mas acho que há muitos jogadores bons, muito espertos e lutadores. Eu costumo conversar com os meus companheiros sobre isso e, nesta Liga, no fim das contas, o mais importante é ter os melhores jogadores portugueses, porque todas as equipas têm estrangeiros, mas são só cinco e não consegues jogar só com cinco jogadores. No geral, tenho gostado muito de jogar na liga e acho que há muito bom basquetebol.

    Houve algum jogador que te surpreendeu?

    Não diria que me surpreendeu, mas gostei muito de jogar contra o Diogo Gameiro, do CAB Madeira. É um excelente base e é muito bom a envolver os colegas. E contra o Betinho também, do Benfica, é muito bom jogador. E lá está, acho que são esses jogadores que acabam por fazer a diferença.

    O Lusitânia está a ter uma grande temporada, ocupando atualmente a sexta posição. Já estavas à espera?

    Eu não sabia o que esperar, porque não conhecia as outras equipas. Eu só conhecia a nossa equipa, mas, assim que nos juntámos na pré-época, eu pensei logo que tínhamos uma excelente equipa. Não estou surpreendido pelo nosso sucesso porque sei do nosso potencial enquanto equipa, mas sei que há muitas pessoas surpreendidas. Sabemos que algumas equipas podem ter um plantel melhor ou mais profundo, mas nós jogamos todos os jogos para ganhar e não temos medo de ninguém. Perdemos alguns jogos que podíamos ter ganho, mas temos de continuar a trabalhar e vamos acabar ainda mais fortes do que quando começámos.

    Este já era o objetivo da equipa no início da temporada?

    O nosso objetivo é vencer todos os jogos. Antes da época começar, o Nuno Barroso disse que o objetivo era terminar entre os quatro primeiros da Liga. Isso foi antes de eu saber como é que funcionava o campeonato e antes de conhecer as outras equipas, mas mesmo agora acho que somos uma equipa do Top 4. A forma com temos jogado e a qualidade dos nosso jogadores… o nosso recorde não o comprova neste momento, porque perdemos jogos que não devíamos ter perdido, mas era esse o nosso objetivo no início. Agora queremos acabar da melhor forma e vencer os jogos que faltam. Sabemos que ainda vamos jogar contra o Sporting e contra o Benfica, mas acreditamos que podemos vencer esses jogos para chegar ao play-off num bom momento e ir o mais longe possível.

    ©FPB

    A época começou com o Nuno Barroso ao comando do Lusitânia, mas depois de apenas um jogo ele saiu e deu lugar ao Nuno Rodrigues e a verdade é que a equipa não pareceu afetada. Como é que viveram essa mudança já no decorrer da época?

    Não foi nada complicado porque o Nuno Rodrigues já tinha estado connosco durante toda a pré-temporada. Não foi como se tivessem trazido um treinador novo que ninguém conhecia e eu acho que isso foi o melhor dentro de toda a situação. Claro que ninguém esperava a saída depois de apenas um jogo, mas aconteceu e ainda bem que foi o Nuno assumir o lugar. Ele é um excelente treinador, acredita em nós e sabe o que fazer para nos colocar numa posição de ganhar os jogos.

    O Sérgio Silva é outro dos principais responsáveis pela excelente temporada do Lusitânia, estando mesmo entre os 10 jogadores com mais assistências da Liga e muitas dessas assistências acabam por ir para ti. Como é que tem sido essa parceria?

    O Sérgio é um grande jogador e um grande capitão. Ele já estava na equipa e na Liga, ao contrário de alguns de nós, que somos rookies, e então ele sabe o que é preciso para ganhar neste campeonato. Ele é muito inteligente a jogar, tem excelente visão de jogo e boas sensações no jogo. Há pouco estava a falar sobre jogadores que me surpreenderam e o Sérgio é claramente um deles. Ele foi convocado para a seleção portuguesa recentemente e isso diz muito sobre a sua qualidade.

    Tem sido uma temporada muito diferente, devido à pandemia da Covid-19, ainda para mais num ano em que tiveste de mudar de país para jogar como profissional pela primeira vez. Depois ainda há os jogos adiado, as bancadas vazias… Como é que foi e tem sido lidar com tudo isso?

    Depois de um ano em que não joguei, eu não me deixei afetar muito porque queria mesmo era jogar. Claro que os fãs dão outra energia e uma sensação de jogo diferente e todos queremos jogar com adeptos nas bancadas, mas o ajuste não me afetou muito. Eu sei que é difícil para as pessoas, porque são adeptos são muito importantes em qualquer desporto, seja basquetebol, futebol, baseball… mas as coisas têm-me corrido bem. O mais difícil têm sido os testes, porque nós viajamos sempre que jogamos fora e temos de ser testados sempre que voltamos. Isso tem sido o mais complicado, mas percebo que é para a segurança de todos.

    Tens 24 anos e estás a jogar a primeira época como profissional. Quais são os teus objetivos a curto e a longo prazo?

    O meu objetivo é continuar a melhorar. Sei que o basquetebol me pode levar a sítios em que nunca estive se eu continuar saudável, consistente, humilde e se for melhorando o meu jogo. Espero continuar a jogar por equipas fortes e a ter sucesso. Sei que nem todas as temporadas vão ser como a que estou a ter, mas isso faz parte e quero é tentar ser consistente e divertir-me.

    Há alguma possibilidade de te continuarmos a ver nos Açores na próxima época ou, pelo menos, em Portugal?

    Sim, penso que sim. Espero que a situação da pandemia se resolva e eu consiga voltar a Portugal porque gosto muito de estar aqui. Com o Covid-19, eu ainda não consegui explorar toda a cultura portuguesa, que outras pessoas que já passaram por aqui me disseram que é incrível, mas ainda quero ter essa experiência.

    Lances Livres

    Ídolo de infância?

    Allen Iverson e LeBron James.

    Jogador favorito?

    LeBron James.

    Jogador com que mais te identificas?

    Chris Webber e Elton Brand.

    Equipa favorita na NBA?

    Não tenho, torço pelas equipas dos jogadores que mais gosto.

    Treinador que mais te marcou?

    O meu treinador do High School.

    Melhor jogador com quem já jogaste?

    Mike Caffey e Nick Faust, na Universidade.

    Jogador mais difícil que já tiveste de defender?

    Myles Turner, dos Indiana Pacers. Joguei contra ele em jogos de preparação da Universidade e ele era freshman, mas já se notava que era um jogador de NBA pelo tamanho e pela técnica.



    Nigéria
    Temidayo Yussuf
    NomeRasaq Temidayo Yussuf
    Nascimento/Idade1996-06-02(27 anos)
    Nacionalidade
    Nigéria
    Nigéria
    Dupla Nacionalidade
    Estados Unidos
    Estados Unidos
    PosiçãoPoste

    Fotografias(16)

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    Taça Hugo dos Santos 23/24 | Sporting - Benfica (Meias-Finais)

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